Um dos maiores corredores da história do atletismo brasileiro, Vanderlei Cordeiro de Lima chegou longe com suas próprias pernas.
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Um dos maiores corredores da história do atletismo brasileiro, Vanderlei Cordeiro de Lima chegou longe com suas próprias pernas. Na adolescência, o seu sonho era conhecer as cidades do interior do Paraná. Na época, trabalhava na roça, em Tapira, e ia correndo dos plantios e colheitas de café e cana-de-açúcar, até a escola. Uma diversão que depois se tornaria profissão e o levaria a figurar entre os principais maratonistas do Mundo.
Ainda na infância, aos 12 anos, a prática diária despertou a atenção de um treinador de escola que o convocou para o atletismo. Tiro certo! Logo Vanderlei se destacou e aos 16, foi convidado a levar a sério as corridas. Não demorou e, em 1988, já estava treinando em São Paulo, pela equipe Eletropaulo. Dois anos depois, passou para a União Esportiva Funilense, em Campinas.
Quando o técnico Asdrúbal faleceu em 1992, Ricardo D’Angelo assumiu a função, numa parceria vitoriosa. Naquele mesmo ano, ganhou destaque nacional ao ser o quarto colocado na São Silvestre e, em 94, surgiu o maratonista. A primeira prova e, de quebra, a primeira vitória não estava programada. Contratado para ser “coelho” até o vigésimo quilômetro na Maratona de Reims, na França, se sentiu bem e acabou vencendo.
A partir daí, os resultados apareceram, com marcas que até hoje são destaques. Conquistas importantes como a vitória na Maratona de Tóquio, em 96, e depois o vice em 98, o terceiro na Maratona de Fukuoka, em 99, o ouro na maratona dos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, no mesmo ano, e o título e recorde da Maratona de São Paulo, em 2002.
Também se destacou em outras distâncias, como a vitória e recorde nos 10 KM Tribuna FM, em 97, com a incrível marca de 28min01s.
Mas foi nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, que ele se tornou um ícone, não só do atletismo, mas do esporte mundial. Um verdadeiro herói olímpico!
Treinado e preparado para correr pela vitória na prova mais nobre da Olimpíada, justamente na cidade que criou os Jogos, ele viu uma oportunidade de abrir vantagem durante a disputa e, quando liderava isolado, houve o famoso episódio com o manifestante irlandês que o agarrou.
Era o km 35, restavam apenas sete para a linha de chegada. O empurrão o tirou do eixo, de sua extrema concentração, mas ele não se entregou e voltou a correr após ser ajudado por alguns espectadores. Ainda assim, manteve a liderança por aproximadamente mais dez minutos e depois acabou sendo ultrapassado por dois atletas.
Isso não o impediu de entrar no Estádio Olímpico de Panathinaikos fazendo o famoso “aviãozinho” para comemorar a sua maior conquista, a sonhada medalha olímpica. S ua nobre atitude garantiu outra medalha pelo Comitê Olímpico Internacional. Essa muito mais seleta, a Pierre de Coubertin, enaltecendo o seu grau de esportividade e espírito olímpico.
“Na verdade, naquele ano havia um sonho que eu sempre alimentei, que era o de conquistar uma medalha olímpica. Não importava a cor. Então, quando cheguei ao término da prova no Estádio Panathinaikos e senti que já tinha ganhado o bronze, esqueci daquilo que tinha ocorrido no quilômetro 35. A minha conquista foi maior que a decepção de não ter ficado com o ouro. Para falar a verdade, eu nem estava mais preocupado com aquilo que o cara tinha feito. Nunca vou reclamar da vida. Eu só tenho que agradecer a Deus por tê-la me dado”, disse Vanderlei.
Depois de Atenas, Vanderlei se manteve como um dos maiores maratonistas do mundo. Em 2008 se destacou com outra grandiosa conquista: a criação do Instituto Vanderlei Cordeiro de Lima, em Campinas. A generosa e digna proposta é usar o atletismo, que tanto lhe deu alegrias, para garantir um futuro melhor para crianças e jovens.
Servir de exemplo para a formação de futuros atletas e, acima de tudo, cidadãos.
Vanderlei, que já não corre mais profissionalmente, mas continua inspirando muita gente com seu trabalho no IVCL e em palestras e eventos, sempre motivando a todos.
E seus feitos seguem encantando o Mundo. A última conquista foi na abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016, ao acender a pira no Estádio do Maracanã, como reconhecimento por toda a sua trajetória. O momento foi cercado de emoção, destacado e elogiado por toda a mídia e transmitido para cerca de 4 bilhões de telespectadores no Mundo.